quinta-feira, 27 de maio de 2010

Das palavras do PS aos silêncios de Alegre

Nesta notícia do Público sobre as posições dos dirigentes e deputados do PS em relação ao apoio à candidatura de Manuel Alegre, estão todas as razões que me levam a não apoiar Alegre e a achar um erro político o apoio do Bloco de Esquerda. E, consequentemente, para ter tomado em mãos, juntamente com muitos outros militantes do Bloco, a luta pela realização de uma Convenção Extraordinária.
Creio que o discurso directo de alguns dos deputados da bancada do partido do Governo, fala por si:
Afirma Strecht Ribeiro, vice-presidente da bancada parlamentar do PS: "Nós, direcção de bancada [na anterior legislatura], dissemos ao Alegre: se tu alguma vez nos derrotares [ao votar contra as propostas do PS], a direcção da bancada demite-se. Ele sabia isso e a verdade é que nunca nos derrotou. Ele nunca deu esse passo , que sabia que seria muito mau para o partido".
A votação de Alegre contra o Código de Trabalho de Vieira da Silva, por exemplo,quando este já estava aprovado, sem necessitar do seu voto, é uma das bandeiras para o apoio da Direcção do BE a Alegre.
Alegre nunca teria votado contra se dele despendesse a aprovação do Código de Trabalho é a minha convicção. que Strecht Ribeiro se limita a confirmar.

Numa outra passagem da notícia, cita-se uma intervenção de Osvaldo Castro em que este terá justificado o apoio a Alegre com a necessidade de uma candidatura unificadora da Esquerda que "não afecte o Governo".
O deputado do PS acaba por dar o melhor argumento a todos aqueles que, no Bloco de Esquerda, não acreditam que Alegre seja a opção certa, cumpra as decisões da Convenção do Partido e, sobretudo, seja uma opção fiel aos princípios e aos objectivos políticos do Bloco.
Estou convicta, ou estou mesmo no Partido errado, que, apesar de não ter subscrito a Moção vencedora na Convenção do Bloco, que a "maior convergência de Esquerda" de que falava a Convenção era para "afectar" o Governo, a Direita e as políticas de Direita.

Não precisava dos argumentos e das explicações dos deputados e dos dirigentes do PS para não apoiar Alegre. Não me trazem nada de novo. Mas convinha que alguns dirigentes do Bloco as ouvissem. De espírito aberto, ouvissem as palavras dos dirigentes e dos deputados do PS e os silêncios de Alegre. E reflectissem numas e nos outros. Acredito que ainda vão a tempo.
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Isabel Faria - Lisboa

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