domingo, 30 de maio de 2010

Nem Cavaco nem Alegre

O apoio do PS a Manuel Alegre é a revelação de um segredo de polichinelo. De facto, só com muita imaginação e ingenuidade política se poderia pensar que esse apoio não foi negociado quando Manuel Alegre participou num comício em Coimbra, ao lado de José Sócrates, apelando ao voto no PS nas últimas legislativas.


A Convenção do Bloco de Esquerda realizada em 2009 não apreciou o apoio a um qualquer candidato, mas sim um perfil: “o Bloco de Esquerda defenderá a necessidade de uma candidatura presidencial da convergência mais ampla possível para a luta política da esquerda, sem prejuízo da possibilidade de apoiar uma candidatura da sua área política no caso em que essa alternativa não se concretize”.


Como é evidente, Manuel Alegre poderia ser uma figura que se enquadrasse nesse perfil, se tivesse querido afastar-se da governação de José Sócrates, que tantas vezes justamente condenou. Mas Alegre optou pelo comício de Coimbra, esquecendo o comício do Trindade. É uma opção legítima, mas é uma opção que o coloca no campo dos adversários do Bloco de Esquerda.


O que temos neste momento é um Manuel Alegre apoiado pelo PS de Sócrates, pela direita anti-social do Partido Democrático do Atlântico e, paradoxalmente, pelo Bloco de Esquerda. E esta não é, obviamente, a “convergência mais ampla possível para a luta política da esquerda”. E é por isso que centenas de militantes do BE continuam a reclamar a realização de uma Convenção extraordinária, para a qual prossegue a recolha de assinaturas, simultaneamente com a realização de reuniões distritais, que culminarão com um encontro nacional em Coimbra, no próximo 10 de Junho. Porque nos recusamos a fazer campanha com Sócrates e o PS, porque nos recusamos a apoiar quem apoia este governo e o desresponsabiliza das políticas anti-sociais, como faz Manuel Alegre ao criticar a União Europeia e as agências de rating, para poupar Sócrates e o governo, que seriam inocentes vítimas.


Enquanto militantes do Bloco, continuaremos a lutar para que todos os que confiam no partido possam manifestar nas próximas presidenciais, com o seu voto, o seu repúdio ao liberalismo capitalista, contribuindo assim, também, para derrotar Cavaco Silva.


Os subscritores da Convenção extraordinária do Bloco de Esquerda


30 de Maio de 2010

1 comentário:

Anónimo disse...

Nem Cavaco, nem Alegre ... nem Nobre!
Não será assim?
João Pedro Freire
BE - Matosinhos