segunda-feira, 12 de abril de 2010

A palavra dos militantes: Partido político sem bases é como um jogo de futebol sem claques

As bases (tal como as claques) são a razão de ser dos partidos políticos, porque sem elas as ideologias não se justificam, nem símbolos, cores, bandeiras. Nada faz sentido. Mas, se tiverem bases convictas, organizadas, ardorosas – os partidos vão para frente e até transformam as derrotas em vitórias.

O povo – anónimo, diversificado por profissões, regiões, renda, religiões e todas as opções de vida que a democracia lhes assegura – tende a se associar em torno de sonhos e esperanças. Quando escolhe uma bandeira política, torna-se a base de um partido. Bases são o corpo e alma de um partido.
Partido que é partido, de verdade, não tem caciques, tem líderes; não tem donos, têm militantes e eleitores. Em consequência, líder que é líder — jamais impõe a sua vontade pessoal. Segue o que deseja a maioria nas bases partidárias.
Para tanto, é preciso que haja um conjunto de ideias bem definidas bem como programas para aplicá-las na prática. Quem estiver de acordo e se dispuser a disciplinadamente lutar para que prevaleçam, torna-se uma parcela fundamental do partido.
Numa verdadeira democracia, os líderes procuram ouvir e interpretar as bases, em vez de desafiá-las. Só assim, na hora de disputar as eleições, os partidos estão unidos para a campanha eleitoral.

O autoritarismo e a auto-suficiência das direcções partidárias são duas desgraças da política. Em consequência, as bases partidárias não acatam as indicações e os candidatos são “cristianizados”.
Todas as decisões de um partido de base devem reflectir a opinião dos seus militantes.
As bases devem ser permanentemente informadas, dia a dia, da actuação dos dirigentes do partido e dos deputados.

Partido político não é “Bloco do Eu Sozinho” – como se comportam os que se consideram donos da vontade de todos e fazem o que querem — nem “Sociedade Anónima”, em que os dirigentes agem como accionistas e só eles decidem. Partido é uma organização eleitoral que reúne cidadãos em torno de ideias e programas, reflectidos na actuação dos seus Eleitos nas diversas Assembleias e Câmaras Municipais.

O papel dos líderes é reunir, ouvir, discutir e fazer com que todos se considerem responsáveis e apoiem as decisões partidárias.
Ora foi isso que não aconteceu com a decisão do apoio da Comissão Politica Nacional a Manuel Alegre.
Como não me conformo com esta decisão, de não escutar as bases por parte dos nossos dirigentes, sou um daqueles que assinou a petição para a realização de uma Convenção Extraordinária do BE para que se escute as bases.

João Pereira - Olhão
Vereador na Câmara Municipal de Olhão

1 comentário:

Anónimo disse...

Maria Felga - Porto

Gostei da noção de "desafio" introduzida neste comentário: uma coisa é "desafiar" Sócrates e o seu governo (e a direita em geral) através de propostas concretas - e realizáveis - de como aumentar os salários, diminuir o desemprego ou acabar com off shores;
outra, bem pouco democrática, é decidir algo, "inventar"justificações para não o discutir e "desafiar" os militantes com o pragmatismo do "está decidido, está bem decidido".