domingo, 28 de março de 2010

A palavra dos militantes

No Portugal democrático nunca um presidente de junta teve o meu voto, nunca um presidente de assembleia municipal teve o meu voto, nunca um presidente de câmara teve o meu voto, nunca um governo teve o meu voto, apenas dois Presidentes da República tiveram o meu voto, ambos por falta de melhores opções – Soares à 2º (86) e Sampaio na 1ª candidatura -, quero dizer, com esta declaração de interesses que convictamente nunca apoiei o poder.
Estou à vontade para afirmar que o meu apoio e voto em Fernando Nobre, também, mais uma vez, é por falta de opção mais próxima ideologicamente. A haver Convenção Extraordinária do BE para colocar todos os nomes em cima da mesa, obviamente volto ao princípio, isto é, pela defesa de uma candidatura socialista e operária. É uma posição heterodoxa, sim, mas tem tanto de democrática como outra qualquer.
No cenário presidencial: Cavaco, Alegre, Nobre e PCP, para mim é clara a preferência por alguém que vem de fora do profissionalismo político comprometido com o sistema. Cavaco/15 anos, Alegre/36, do PCP, tratar-se-á de um candidato desse partido, que não é o meu. Nobre propõe-se: “Lutar, promover e incentivar a regeneração ética da vida política do país. Todos os eleitos, todos os nomeados politicamente, estão ao serviço do país e têm de prestar contas, honrar as suas propostas, assumir as responsabilidades e deveres do cargo e as consequências dos seus actos. Serei intransigente a exigir de cada um o cumprimento das suas obrigações. Portugal espera de cada um que cumpra o seu dever. A todos exigirei o mesmo que exigirei a mim próprio: trabalho, cidadania, solidariedade e ética”, por exemplo. Parece pouco, mas não é, porque quem o diz é um português exemplar, com obra feita, e que em Junho concordava em 90% com o programa da “esquerda radical” do Bloco de Esquerda às Europeias.
Entre, um dos de sempre, e a novidade descomprometida, opto pela segunda hipótese sem pestanejar. Nobre, pode não encaixar na proposta da Moção vencedora da Convenção, mas Alegre também não. Este, é um homem comprometido com o passado: apoio ao 25 de Novembro Eanista, apoio ao FMI de Soares, aos governos de Guterres e ser a flor de esquerda na lapela do armani de Sócrates não chega, longe disso, mais, a sua recusa ao cargo de deputado, foi por puro tacticismo ou a subida ao palco em Coimbra não fazia parte do enredo.

José Manuel Faria, Vizela

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