A democracia interna é a grande questão em foco, a debater no BE, um debate constantemente adiado.
Mas, para se perceber este adiamento temos de analisar a génese da formação do BE.
Como todos sabemos o BE foi formado por três organizações, e aqui a esquerda teve um longo percurso no deserto, passou de quase não ter voz, a tê-la. Poder-se-ia ter ficado por aqui, uma frente eleitoral, como aliás já aconteceu noutras circunstâncias da história recente. Assim, não haveria grandes problemas pois cada organização punha e dispunha da sua orientação política e vida interna. A vontade dos fundadores de criar um Movimento alargado, rapidamente teve apoio de companheiros que se quiseram juntar a este projecto. O crescimento deu-se e alargou-se a sua influência a outros sectores da esquerda, ex-militantes de vários quadrantes da vida politica, do associativismo, do combate de várias causas.
O Manifesto Politico de Fundação, no documento nº 1, Bloco, ano zero, é disto testemunho.
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Algo começou a correr mal a partir da IV Convenção. Um mal-estar foi-se instalando entre companheiros, principalmente aqueles que vinham de fora das organizações fundadoras. Tal ocorre perante a passividade de uns e o afastamento voluntário de outros. As estruturas de base do Bloco, os secretariados ou coordenadoras dos núcleos são eleitos em regra de um modo democrático, compostas por aderentes eleitos pelos seus iguais, mas, na prática, as suas funções não passam de cumprimento de tarefas, como por exemplo, colagens, e distribuição de propaganda. O seu peso nas decisões politicas é nulo. Não são ouvidos para a composição das listas das comissões distritais, nas listas de deputados para parlamento, tudo é feito e decidido em reuniões, a que uma boa parte dos militantes, não tem acesso.
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Centrando-nos no que ocorre hoje, ou seja sobre a convocação de uma Convenção Extraordinária.
Em primeiro lugar não é pacífico o apoio a Manuel Alegre, por parte de muitos militantes. Em segundo lugar, a precipitação da Direcção a este apoio, antes de se realizar um vasto debate interno sobre as presidenciais. O exposto pode levar a conflitos sem sentido, nas bases do BE.
Assim, e pelo atrás referido, a DEMOCRACIA INTERNA, continua em causa. Mas independentemente de se realizar ou não a Convenção, uma batalha foi ganha, juntaram-se camaradas apoiantes do BE de várias sensibilidades, e inclusive apoiantes do Manuel Alegre, para o debate. O exemplo disso é o que se tem dito e escrito. A finalizar, um reparo: este debate deveria decorrer, com toda a pertinência, no portal do Bloco de Esquerda.
Um abraço
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António Sequeira - 252 - Setúbal
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